Hoje quero manifestar minha
solidariedade com as mais de mil pessoas que foram humilhadas na fila para atendimento no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, o Into, localizado na Avenida Brasil. Elas esperavam desde domingo para pegar uma senha
para atendimento no hospital.
Pessoas com problemas de
locomoção, usando muletas, cadeiras de rodas, virando a noite para garantir um
direito básico: o direito de ser atendido em um hospital público! Sinto-me
envergonhado por presenciar cenas como essa em pleno século XXI.
A direção do hospital
alega que foi pega de surpresa com a grande demanda. Mas a pergunta que fica é:
por que manter um sistema arcaico e ultrapassado de atendimento, obrigando os
pacientes a passar a noite em uma fila? Isso é de uma incompetência tremenda. E
isso em uma unidade que é referência nacional!
Depois da confusão de
ontem, a direção do INTO afirmou que tudo não passou de um mal entendido. As
pessoas poderiam marcar atendimento pelo telefone. Mas experimentem ligar, e
verão que ou ninguém atende ou só dá ocupado. De acordo com a instituição,
foram marcadas mais de três mil consultas só ontem, entre atendimentos
presenciais e por telefone.
Foto: O Globo |
O jornal O Globo afirma, na edição desta
terça-feira, que as metas de atendimento do instituto não foram alcançadas. A
nova sede, que foi inaugurada em agosto do ano passado, foi projetada para
receber até três vezes mais cirurgias que a sede antiga, na Rua do Rezende. As
consultas ambulatoriais deveriam aumentar de 102 mil para 305 mil, mas ainda
não foi atingida. A espera deveria cair de 36 meses para 12, mas também não se
chegou lá.
Fora a bela reputação
construída ao longo de décadas pela instituição, é preocupante e revoltante
saber que foram gastos milhões de reais para ampliar uma estrutura que não está
sendo utilizada em sua plenitude. Para funcionar bem, uma casa precisa ter seus
alicerces bem estruturados. No caso dos hospitais, com profissionais de saúde
em quantidade suficiente para dar conta do atendimento, em condições
satisfatórias.
Em vez disso, a política
vigente é aplicar os recursos em equipamentos caros e que podem se tornar
obsoletos em pouco tempo, talvez antes mesmo da formação dos profissionais
necessários para operá-los. Por outro lado, faltam médicos e outros
profissionais de saúde nos postos de atendimento básico. Muitos pacientes
procuram os grandes hospitais porque não encontram clínicos gerais, pediatras,
ginecologistas, enfim, as especialidades mínimas, próximo de suas residências. E
esse atendimento poderia evitar que pequenos problemas se transformassem em
casos de emergência.
É de chorar.
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