Caro Oscar,
Na noite deste cinco de dezembro seu coração parou de bater.
Mas apenas dentro do seu peito. Conseguimos ouvir essas batidas nas centenas de
obras de sua autoria, espalhadas pelo mundo. Seu traço firme e suave,
curvilíneo e marcante, fez com que o planeta o reverenciasse como um mestre.
Você, humilde, nunca entendeu bem toda essa adoração.
A simplicidade é difícil de aturar, Oscar. Muita gente nesse
plano simplesmente não consegue admitir que menos é mais. Essa gente é a mesma
que não admite o sucesso vindo desse país. O nosso Brasil, que você fez tanta
questão de valorizar em versos, traços e palavras.
Rio, Brasília, Niterói, Caxias, Argel, Nova Iorque. Tantos lugares
tiveram a honra de ganhar um pedaço de sua arte. A beleza dos seus projetos
proporciona a todos nós a chance de refletir sobre o valor sentimental das coisas
e a função de um edifício.
Nossa mui leal e amada cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro está ameaçada por gente que não entende nada de gente, só de dinheiro.
Estamos sendo invadidos por monstrengos que sequer merecem ser chamados de
edifícios. A beleza virou pecado.
Pode ter certeza que sua trajetória continuará a inspirar a todos os que
desejam um mundo melhor, mais justo e fraterno.
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