Nesta última semana celebramos o Dia Mundial do Diabetes. A
data deveria servir de alerta para o avanço da doença, mas, infelizmente, o que
vemos é exatamente o contrário.
Segundo o balanço do Ministério da Saúde divulgado na
terça-feira passada, o diabetes foi responsável por mais de 470 mil mortes no Brasil
entre 2000 e 2010. O número saltou de 35,2 mil pessoas para quase 55 mil
pessoas nesses dez anos. No mesmo período, a taxa de mortalidade subiu de
20,8 para 28,7 óbitos por 100 mil habitantes.
De acordo com reportagem do jornal Extra, o ministro Alexandre Padilha
afirmou que o índice já preocupa, pois a doença crônica mata “quatro vezes mais
do que a Aids” no país - e ainda supera o número de vítimas fatais do trânsito.
Em 2010, o país registrou cerca de 12 mil óbitos em
decorrência do vírus HIV e mais de 42 mil mortos em acidentes de trânsito - no
mesmo período, 54,8 mil pessoas morreram de diabetes. Segundo Padilha, a
diferença seria ainda maior se fossem consideradas as doenças nas quais o diabetes
age como fator de risco, como câncer e doenças cardiovasculares. Em 2010 a
doença foi associada a outras 68,5 mil mortes indiretas, totalizando 123 mil
óbitos.
Isso posto, eu pergunto: há ainda o que se comemorar,
senhoras e senhores? Garanto que não. Eles estão sofrendo para obter a insulina especial Novorapid, que deveria ser
fornecida pelo estado e pela prefeitura. São milhares de pessoas que têm o
direito à vida ameaçado.
As autoridades, como sempre, culpam a burocracia pelo atraso
no fornecimento. Nessa queda de braço quem perde é o cidadão, que precisa
recorrer à justiça para garantir seus direitos.
Em outros lugares, essa falta de respeito daria cadeia para
alguém. No entanto, sabemos que as justificativas apresentadas se encerrarão em
si. O mais revoltante é saber que em outras áreas dos governos, como as
responsáveis pelas obras para a Copa e as Olimpíadas, as coisas caminham bem mais
rapidamente, com menos influência dos trâmites burocráticos.
Faltam medicamentos para os doentes; acessibilidade para deficientes;
escolas de qualidade para professores e estudantes; hospitais decentes para
pacientes e profissionais... Enfim, a lista é extensa. Porém, o que faz mais
falta é o compromisso com o bem-estar da população.
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