17 de out. de 2012

Nobel, pesquisa e desenvolvimento


O Prêmio Nobel de Economia de 2012 foi concedido a dois americanos, por suas teorias sobre como combinar indivíduos ou grupos para o benefício mútuo. Com aplicações adotadas em desde programas de doação de órgãos a processos de admissão de alunos em escolas. Os economistas Lloyd Shapley, de 89 anos, e Alvin Roth, de 60, receberam um cheque de US$1,2 milhão.


Os estudos de ambos avaliam como diferentes agentes econômicos podem se relacionar em mercados onde a tradicional alocação de recursos não se aplica. A ideia era buscar uma combinação eficiente quando há um número determinado de pessoas, com diferentes preferências para uma questão específica. Entre os exemplos práticos, o programa de transplante de rins da região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. Essa teoria, já em aplicação, ajudou a salvar muitas vidas, já que tornava mais fácil encontrar um doador, e, também, um receptor.

Salvo certas implicações morais e econômicas, que precisam ser profundamente discutidas, esse modelo é muito interessante, e talvez pudesse ser adaptado para uso no Brasil, onde temos um programa de transplantes entre os mais avançados do mundo, mas que ainda esbarra em questões burocráticas e logísticas.

No caso dos transplantes, hospitais com tradição no procedimento, como o Hospital Geral de Bonsucesso, penam com a falta de manutenção básica, o que não é privilégio do HGB. Infelizmente, a grande maioria das unidades de saúde da cidade sofre com o descaso. Mesmo sendo considerado pelo governo do estado como a joia da coroa, o Hospital Universitário Pedro Ernesto ainda tem alas comprometidas.

No Brasil, apesar de termos ilhas de excelência, o investimento em pesquisa não chega aos pés dos níveis americano e europeu. Isso é muito grave, pois perdemos uma grande oportunidade de geração de empregos em alta tecnologia, com melhores salário e qualidade de vida.

O Rio de Janeiro precisa estar à frente desse processo no Brasil, incentivando a geração de vagas de alto nível. É a chance de tomar a dianteira de um processo irreversível em nível mundial, outra etapa de desenvolvimento econômico, com melhores empregos, produtos com maior valor agregado e maior chance de lucro. Mas, por enquanto, isso é apenas um desejo.

A falta de investimento em pesquisa é um dos entraves para o crescimento, não só do país, mas da cidade. Com pesquisa, conseguiríamos identificar o que pode funcionar melhor e o que tem que ser radicalmente mudado. Nessa relação, por exemplo, entram o trânsito caótico que enfrentamos todos os dias; a educação, que apesar de ter melhorado um pouco, ainda está a anos-luz dos padrões internacionais; a geração de energia, que é um grande desafio para um país que almeja ser de primeiro mundo.

O Rio de Janeiro poderia dar exemplo ao país e ao mundo, transformando uma cidade com problemas seriíssimos em um lugar melhor para todos. Só assim vamos conseguir mudar o panorama de marasmo em que estamos envolvidos. É preciso ouvir as instituições de pesquisa e desenvolvimento, hoje solenemente ignoradas pelas administrações municipais em favor de interesses privados, beneficiados com isenções de impostos e cessão de terras, compradas com dinheiro público. 

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