18 de set. de 2012

As ramblas da vergonha



O Estado de São Paulo desta segunda-feira (17/9) trouxe uma notícia que deveria nos envergonhar. Depois de ter consumido R$160 milhões e cinco anos para a sua conclusão, a estação de trem de Manguinhos, projetada para ser uma versão carioca das Ramblas espanholas, virou mais uma Cracolândia.
Segundo a equipe do jornal, o vice-governador Luiz Fernando Pezão afirmou que é um sofrimento ver o local naquelas condições. Ele afirmou que, só com a paz na região, o governo do estado poderá consolidar as ações que estão sendo implementadas.
A região vai ganhar em janeiro a Cidade da Polícia, centro integrado da Polícia Civil, um investimento de R$70 milhões. Serão três mil policiais, distribuídos em delegacias especializadas, centro de monitoramento e inteligência. Apesar do discurso, a reportagem localizou apenas uma viatura, a dois quilômetros de distância da Cracolândia.
A Secretaria Municipal de Assistência Social afirma que em 17 meses já encaminhou 500 usuários de crack para atendimento.
Se há parceria entre as esferas de governo, como se alardeia, por que as ações sociais, bem como as de segurança, estão demorando tanto para acontecer? Estamos presenciando uma tragédia social sem precedentes, motivada pelo descaso das autoridades com o tema.
A região de Manguinhos recebeu grandes investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento. Vários prédios foram construídos para famílias de baixa renda, uma infraestrutura mínima passou a existir na região, com uma escola de ensino médio, biblioteca, UPA, Clínica da Família, além da repaginada da estação de Manguinhos e da futura Cidade da Polícia.
No entanto, basta passar pelas avenidas Leopoldo Bulhões e Dom Helder Câmara para constatar que alguma coisa está fora da ordem.
Se há novos prédios, também há casas em estado precário. Os novos conjuntos habitacionais já apresentam sinais de degradação. O lixo toma conta dos conjuntos, que também sofrem com a descaracterização.
É inegável que houve avanços, mas falta muito para que Jacarezinho e Manguinhos, comunidades de gente honesta e trabalhadora, estejam, de fato, integradas à cidade. 

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