O Rio de Janeiro, ninguém duvida, é
lindo. Mas a cidade não é maravilhosa para deficientes físicos e idosos.
Estamos a anos-luz de uma política efetiva de valorização efetiva dessa parcela
da população. Mesmo com boas iniciativas por parte da prefeitura e de alguns vereadores, a impressão geral é que avançamos muito menos do que a
propaganda faz supor.
Um exemplo do descaso da cidade com
os deficientes e idosos são as calçadas. É mais que comum presenciarmos ou
termos notícias de acidentes, como tombos e torções, provocados pelo mau estado
de conservação dos passeios.
Os pisos de pedras portuguesas,
então, são o verdadeiro terror, pois não existe manutenção, tampouco
profissionais qualificados em quantidade suficiente para dar conta do serviço.
Até em bairros com grande população
idosa, como Copacabana, há graves problemas. Os sinais de trânsito,
frequentemente, estão sem sincronia e dão pouco tempo para a travessia. Há
poucas rampas para deficientes, que ainda têm que desviar das obras
intermináveis das concessionárias de serviços públicos.
O que acontece lá é emblemático e
mostra como a cidade maltrata seus idosos. Copacabana é o bairro com a maior
população idosa do Rio, e nove dos dez bairros mais populosos do Brasil são
cariocas. A situação é ainda mais dramática quando constatamos que essa
parcela da população cresce mais rapidamente que a média nacional.
Falta mão de obra qualificada para cuidar das calçadas de pedras portuguesas - Foto: Regina Rocha - Mobilize Brasil |
A prefeitura garante que dará
início ao projeto Calçada Lisa no próximo ano, com a recuperação de 700 mil m²
de calçadas. Mas muito precisa ser feito, principalmente a implantação de
sinalização tátil para cegos, sinais de trânsito sonoros, rampas adequadas e
bem projetadas, além de acessibilidade total nos meios de transporte.
Apesar das promessas das
concessionárias Metrô Rio e Supervia de melhorar o acesso de deficientes às estações,
e do compromisso das empresas de ônibus de adaptar todos os veículos até 2014,
os desafios são enormes. Isso nos leva a crer que, infelizmente, mais uma vez, o
improviso vai prevalecer no dia a dia dos cariocas e nos grandes eventos que o Rio
sediará.
Para sermos um Rio, como a propaganda
oficial insiste em afirmar, idosos e deficientes precisam ser integrados à vida
normal, sob pena de continuarmos a carregar o estigma de cidade partida, pela falta de oportunidades iguais para todos.
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