29 de jun. de 2012

Ato na OAB pede justiça para pescadores assassinados


Alexandre Anderson chora  a morte dos companheiros.
(foto: divulgação OAB- Francisco Teixeira)

Justiça. Esse era o apelo dos pescadores, na sede da OAB, na manhã desta sexta-feira, no lançamento do manifesto de repúdio ao assassinato de dois integrantes da Associação dos Homens e Mulheres do Mar (Ahomar), que aconteceu no final de semana, na Baía de Guanabara. O presidente da Associação, Alexandre Anderson, tentou falar, mas a lembrança da morte brutal dos amigos o fez chorar várias vezes durante sua fala.

Alexandre Anderson afirmou que os pescadores estão aterrorizados e que isso pode fazer com que a luta da Ahomar seja abreviada. “Estamos com muito medo, mas vamos convocar uma assembleia, para decidir o que a gente vai fazer. Se a decisão for continuar a luta, vamos fazer”, disse. Presente ao ato, o vereador Dr. Edison da Creatinina foi citado pelo líder dos pescadores como um apoiador de primeira hora. Presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Situação da Pesca no Município, o vereador já tinha marcado para o dia 1° de agosto uma audiência pública sobre o tema.

“O Dr. Edison é um homem do mar, como a gente. Ele tem feito muito por nós”, destacou Alexandre, que dividiu a mesa com a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo, e outras autoridades. Todos foram unânimes: é preciso dar um basta à brutal perseguição que os profissionais da pesca estão sofrendo.

O clima é de medo e apreensão no entorno da Baía. Já chega a quatro o número de profissionais mortos desde 2009. Até agora, nenhum dos casos teve solução. A diretora da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho, criticou a falta de empenho das autoridades e a demora do governo do estado em estruturar um programa de defesa dos defensores dos direitos humanos.

“Não dá para o estado negar. Esses pescadores estão sendo ameaçados por empresas envolvidas em grandes obras”, afirmou. Eles pretendem fechar o rio Guaxindiba, que fica próximo às obras do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), em Itaboraí, o principal palco da guerra que está sendo travada entre grupos criminosos, que agem a mando das grandes empreiteiras, e os pescadores artesanais.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Margarida Pressburger, garantiu que a pressão da entidade será grande. “Não vamos dar sossego às autoridades enquanto não tivermos os nomes de quem fez essa barbaridade. A morte deles não terá sido em vão”, prometeu. Por ironia, o ato aconteceu no dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores. Mas só a proteção divina não está adiantando.

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