Comunicado de Liderança do PV na Câmara Municipal do Rio
Um dos
maiores problemas da nossa cidade é a destinação final que é dada ao lixo.
Durante 36 anos, a maior parte dos resíduos foi despejada
sem qualquer tratamento no aterro controlado de Gramacho.
Implantado
na época da ditadura, como modelo do século XIX, chegou a receber
10.500 toneladas por dia e, só a título de ilustração, hoje são
despejadas cerca de 7,5 mil toneladas de detritos, sendo 2,5 mil delas vindas
da cidade do Rio de Janeiro.
Com o
iminente colapso do aterro, a prefeitura do Rio decidiu encerrar as
operações no local. Inicialmente previsto para abril, o fechamento foi adiado
para maio, por dificuldades no cadastramento dos catadores
e respectivos pagamentos das indenizações. Agora, de
acordo com a Prefeitura, a situação parece
estar encaminhada.
Só que
entre a retórica oficial e a dura realidade existe um abismo. O que estamos
vendo com preocupação é que, no afã de se dar uma resposta midiática à
sociedade internacional, talvez em função da Rio+20, estejamos oferecendo
apenas uma solução parcial e imediatista.
O lixo da
cidade será levado para o centro de tratamento de resíduos de Seropédica, que
já está em funcionamento desde abril do ano passado. Estão sendo investidos
cerca de cinco milhões de reais em obras complementares.
Apesar de
parecer um passo à frente no tratamento correto dos resíduos, essa medida ainda
gera polêmica, principalmente entre ambientalistas e moradores de Seropédica.
Os
ambientalistas temem que o Aquífero Piranema, grande reserva de água potável da
região, seja contaminado. Os agricultores temem o comprometimento dos
mananciais e reclamam do mau cheiro que exala do lugar.
O secretário de Conservação Carlos Roberto Osório afirmou, em entrevista ao site G1,
que o fim das atividades em Gramacho e a operação plena do CTR de Seropédica
representam uma vitória do Rio no rumo da sustentabilidade e o desenvolvimento
de uma nova vocação econômica para Seropédica.
Já a engenheira agrônoma Rosângela Straliotto, pesquisadora da Embrapa, afirma que
existem, sim, riscos de comprometimento da água, mesmo com todas as medidas de
segurança adotadas. A nossa indagação é se o processo de monitoramento
ambiental estará disponível à população
O drama
que a cidade vive hoje, e que muito nos envergonha, é que estamos às
vésperas de uma grande conferência para definir novos rumos em busca de uma
economia sustentável, mas não cuidamos do nosso próprio
quintal. Apenas 3% de todo o lixo produzido na cidade é
reciclado. A coleta seletiva, que seria uma excelente maneira de
criar empregos formais e gerar renda, funciona
parcialmente em apenas 41 dos 160 bairros da cidade. E mesmo onde
está estabelecida, não existe a garantia de que o lixo recolhido tenha a
destinação correta. Vale ressaltar que a reciclagem pode ajudar a
desafogar os aterros e centros de tratamento de resíduos, além de
contribuir para a preservação do ambiente.
A
prefeitura e a Comlurb, ao não investirem na coleta seletiva na maioria dos
bairros, promove um processo deseducador que gera o desestímulo dos moradores.
Isso precisa mudar urgentemente.
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