19 de abr. de 2012

Lixo, vilão ou herói?



Comunicado de Liderança do PV na Câmara Municipal do Rio

Um dos maiores problemas da nossa cidade é a destinação final que é dada ao lixo. Durante 36 anos, a maior parte  dos resíduos  foi despejada sem qualquer tratamento no aterro controlado de Gramacho.
Implantado na época da ditadura, como modelo do século XIX, chegou a receber 10.500 toneladas por dia e, só a título de ilustração, hoje  são despejadas cerca de 7,5 mil toneladas de detritos, sendo 2,5 mil delas vindas da cidade do Rio de Janeiro.
Com o iminente colapso do aterro,  a prefeitura do Rio decidiu encerrar as operações no local. Inicialmente previsto para abril, o fechamento foi adiado para maio, por dificuldades no cadastramento  dos catadores e  respectivos  pagamentos das indenizações. Agora,  de acordo com a Prefeitura,  a situação parece estar  encaminhada. 
Só que entre a retórica oficial e a dura realidade existe um abismo. O que estamos vendo com preocupação é que, no afã de se dar uma resposta midiática à sociedade internacional, talvez em função da Rio+20, estejamos oferecendo apenas uma solução parcial e imediatista.
O lixo da cidade será levado para o centro de tratamento de resíduos de Seropédica, que já está em funcionamento desde abril do ano passado. Estão sendo investidos cerca de cinco milhões de reais em obras complementares.
Apesar de parecer um passo à frente no tratamento correto dos resíduos, essa medida ainda gera  polêmica, principalmente entre ambientalistas e moradores de Seropédica.
Os ambientalistas temem que o Aquífero Piranema, grande reserva de água potável da região, seja contaminado. Os agricultores temem o comprometimento dos mananciais e reclamam do mau cheiro que exala do lugar.
O secretário de Conservação Carlos Roberto Osório afirmou, em entrevista ao site G1, que o fim das atividades em Gramacho e a operação plena do CTR de Seropédica representam uma vitória do Rio no rumo da sustentabilidade e o desenvolvimento de uma nova vocação econômica para Seropédica.
Já a engenheira agrônoma Rosângela Straliotto, pesquisadora da Embrapa, afirma que existem, sim, riscos de comprometimento da água, mesmo com todas as medidas de segurança adotadas. A nossa indagação é se o processo de monitoramento ambiental estará disponível à população
O drama que a cidade vive hoje, e que muito nos envergonha, é que estamos às vésperas de uma grande conferência para definir novos rumos em busca de uma economia sustentável, mas não cuidamos do nosso próprio quintal. Apenas 3% de todo o lixo produzido na cidade é reciclado. A coleta seletiva, que seria uma excelente maneira de criar  empregos formais e gerar renda, funciona parcialmente em apenas 41 dos 160 bairros da cidade. E mesmo onde está estabelecida, não existe a garantia de que o lixo recolhido tenha a destinação correta. Vale ressaltar que a reciclagem pode ajudar a desafogar os aterros e centros de tratamento de resíduos, além de contribuir para a preservação do ambiente.
A prefeitura e a Comlurb, ao não investirem na coleta seletiva na maioria dos bairros, promove um processo deseducador que gera o desestímulo dos moradores. Isso precisa mudar urgentemente.

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