Logo
em seguida, o vereador passou a palavra aos componentes da mesa: Victor
Acciolly, subprefeito da Ilha do Governador; Alexandre Anderson de
Souza, presidente da Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara
(AHOMAR, uma associação de pescadores); Romildo Soares, representante da
Associação dos Trabalhadores de Pesca de Magé e Orivaldo Alves,
Presidente da Associação de Moradores e Pescadores do bairro Porto
Velho, em São Gonçalo.
No
Plenário, os representantes dos pescadores, de forma geral,
consideraram como deplorável a situação de poluição à qual são
constantemente expostos, para eles causada principalmente pelo poderio
das megaempresas estatais e privadas, que exploram as águas da região
sem controle do poder público, no que diz respeito à concessão e
fiscalização das condicionantes nos seus licenciamentos, criando um
grande abismo que segrega e deteriora a condição de vida e a atividade
dos pescadores artesanais, relegando-os ao nível de miséria quase
absoluta. Alguns chegaram a considerar um grande perigo para os
fluminenses o consumo do pescado fornecido por sua atividade. Com
respeito aos acidentes ambientais nas baías do município, declararam que
os pesacdores não são compensados nos processos de multa pelas
infrações ambientais, que jamais reverteram em benefício de sua
capacitação e da infraestrutura de sua atividade.
Para
a maioria dos pescadores, a profissão é exercida com muito orgulho,
pois dela retiram o seu sustento e de suas famílias, porém muitos
declararam que não desejam que seus filhos tenham a mesma opção
profissional no contexto existente hoje, em nossa cidade.
O assessor da Comissão de Meio Ambiente do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia do Rio, CREA-RJ, engenheiro civil Adacto Benedicto Ottoni,
considerou a situação relatada muito mais ampla e grave, pois seriam
necessárias políticas públicas segundo ele até hoje inexistentes para
esse segmento em especial, que forneçam melhorias nas condições de
moradia, infraestrutura, capacitação e treinamento para a atividade dos
pescadores. Lembrou também que não adianta criar as políticas públicas e
negligenciar o meio ambiente. Para Ottoni, é necessário garantir a
sustentabilidade da atividade com qualidade e abundância. Fez ainda um
alerta, “é preciso exigir a recuperação dos mananciais, pois existe um
descaso dos órgãos ambientais em relação às redes de coleta de esgoto”. A
sugestão é de que se faça um pedido oficial de informações à Rio Águas
sobre o monitoramento da vazão e qualidade dos rios, para informar de
onde vem a poluição e qual a magnitude, além do monitoramento da fauna e
flora para identificar a situação da riqueza ambiental da região e até
onde está sendo afetada. Sugeriu também a criação de um Grupo de
Trabalho na Câmara para acompanhar o assunto no qual garantirá a sua
participação.
A Petrobras foi mencionada como a principal empresa causadora da poluição por óleo das baías. É ainda a
principal empresa executora das obras que criam as chamadas áreas de
exclusão para a pesca, mostrada no telão do Plenário, durante o debate,
no mapa desenvolvido pela Associação Permanente em Defesa das Entidades de Meio Ambiente, Apedema Rio.
O
analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, ICMBio, Rogério Rocco, informou que durante a sua gestão
como Superintendente Regional do Ibama no município, em que participou
opinando nos processos de licenciamento do Estado sobre esses
empreendimentos, esteve inúmeras vezes na interlocução de ações nos
níveis civil, penal e administrativas contra a Petrobras. Citou ainda
que por ocasião de um dos vazamentos de óleo em que essas ações indiciaram onze réus, entre eles a Petrobras, o único condenado foi uma operadora de dutos.
Foram
ainda feitas denúncias por entidades ambientalistas e sindicalistas
sobre outros tipos de poluição e vazamento que afetam a atividade
pesqueira, como o despejo de chorume na Baia de Guanabara, sendo que os
peixes das baías do município estão contaminados por metais pesados e
esgoto. Para os representantes da pesca é necessária a realização de um
censo social, econômico e ambiental de toda a zona pesqueira do Rio,
para que se tenham informações mais atuais sobre as necessidades da
classe.
O
vereador Dr. Edison da Creatinina, responsável pela realização do
evento, ao final anunciou a criação de uma Comissão Especial que estará
submetendo à aprovação da Câmara do Rio, com a finalidade de acompanhar a
situação da pesca no município, além da intenção de formular um
relatório que será entregue pela futura comissão ao prefeito do Rio para
que providências sejam tomadas:
“A
comunidade dos pescadores precisa do apoio desta Casa de Leis para
encontrar soluções que amparem os processos da pesca artesanal na
cidade”, concluiu.
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