16 de jun. de 2011

Lixo carioca, responsabilidade de todos

O Lixo já foi considerado um grande problema para muitas das grandes cidades do mundo.

São Paulo, por exemplo, é considerada uma cidade exemplo no aproveitamento energético gerado pelo gás metano dos aterros. Sete por cento da sua energia é consumida na maior metrópole do hemisfério sul e têm origem nos aterros de Bandeirante e São João. Mesmo assim, com toda essa aplicação, São Paulo recicla apenas 1% de seu lixo (155 das 15 mil toneladas de lixo recolhidas por dia), uma estatística vergonhosa se comparada com a maioria das cidades mais desenvolvidas do mundo.

Uma das maiores preocupações é com a destinação inteligente dos resíduos sólidos. Tóquio e São Francisco se destacam nesse aspecto. Nas duas cidades tudo o que não é reciclado nem vai para a compostagem é queimado para produção de energia. Só vai para aterro o que é rejeitado, não tem utilidade, exatamente como manda a recém aprovada e sancionada Política Nacional de Resíduos Sólidos, aqui no Brasil.

Na contramão, temos, por exemplo, a cidade de Boras, na Suécia, que importa lixo porque sua produção própria não é suficiente para abastecer geradores de biogás. A cidade, de 64 mil habitantes, é modelo em tratamento de resíduos sólidos. Apenas 4% do resíduo nela gerado e enviado para o incinerador é utilizado como fonte de energia térmica.

Temos ainda as questões de destinação do lixo eletrônico. Por ano, o Brasil produz 96,8 mil toneladas de equipamentos eletrônicos. O volume só é inferior ao da China, com 300 mil toneladas. Mas, per capita, o Brasil é o líder. Por ano, cada brasileiro joga fora o equivalente a meio quilo desse lixo. Segundo os especialistas, 94% poderiam ser reciclados.

A Cidade do Rio gasta anualmente 250 milhões de reais com a administração de nossos resíduos sólidos, alcançando um montante de 1,2 milhões de toneladas de lixo recolhido nas ruas e praias, uma média de 8 mil e oitocentas toneladas/dia recolhidas. O recolhimento do lixo das ruas chega a custar três vezes mais do que seria se o mesmo pudesse ser recolhido direto nas lixeiras a ele destinadas, mas onde esse lixo não é jogado pela população. Mesmo com valores consideráveis como estes, ainda temos uma cidade suja. Muitos bairros ainda são totalmente carentes das mudanças culturais necessárias na relação com o lixo e têm também seu serviço de coleta comprometido pelo descaso público, a exemplo de bairros como o da Pavuna e arredores.

Já temos leis e projetos de lei na Câmara do Rio em número quase satisfatório sobre lixo e coleta, reaproveitamento, destinação final, definindo e instituindo campanhas de orientação sobre como deve ser a relação da população com o lixo, mas a impressão de quem vive na Cidade é que não foram suficientes ainda para tornar essa convivência da sociedade carioca próxima ao que é desejável e ambientalmente sustentável para uma metrópole. Precisamos de um CUMPRA-SE das leis.

Temos a coleta seletiva como projeto de educação a ser implantado na cidade do Rio. Você sabia que somente 8% das cidades brasileiras têm coleta seletiva de lixo? Separar e reaproveitar o lixo para a coleta seletiva não é coisa fácil. Afinal, como decidir para qual recipiente vai aquela embalagem usada na sua mão é uma tarefa bem complexa. É assim também com o destino do vidro, do papel, do metal.

Qual cesta usar se o copinho de iogurte contém também plástico, metal e o resto orgânico do alimento?

Em meu próprio Gabinete, sendo eu um representante do Partido Verde, descobri que mesmo tendo as latas adequadas enas cores certas para receber cada tipo de lixo, mesmo assim essa destinação não estava acontecendo de maneira adequada por parte de minha equipe. É difícil manter uma nova cultura quando não existe uma orientação vinda da própria cidade à nossa volta.

Como eu posso escolher fazer uma seleção, quando os responsáveis pela coleta entram no meu gabinete, no final da tarde, juntam tudo em um único saco, e o que foi separado acaba novamente reunido?

Mas antes que desistamos de fazer essa escolha é bom saber que vale a pena, pois, se não absorvermos uma conscientização maior sobre nosso lixo, vamos acabar no meio dele.


nota do blog: foto lixão - agência O Dia - fotógrafo Paulo Alvila
foto lixo eletrônico - Divulgação web

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