Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.
George Orwell
Recebi
uma carta, do senhor Hélio Teixeira, que gostaria de compartilhar com os colegas:
“Considerando o número de
votos que você obteve a um custo financeiro pessoal pequeno – o que é um grande
feito- não seria o caso de aproveitar o momento de comoção política por que
estamos passando e divulgar na mídia o seu feito para todo o Brasil? Pode ser
exagero, mas não é. O povo não aceita a atmosfera de bandalheira que existe nos
partidos e nas campanhas. Com divulgação, sua campanha poderia despertar o país
para uma conduta viável, limpa e transparente. Não sou afeito à política e nem
tenho informação de bastidores, então, talvez minha pergunta possa ser ingênua.
Mas acho que sua campanha foi excepcional e merece destaque, mesmo que não
tenha conseguido a reeleição. Quem sabe não seria o começo de um novo jeito de
fazer política no país, e um caminho para uma mudança radical em nossos
costumes? 'O possível não seria possível se ninguém tivesse tentado o
impossível'. Abraços. Hélio”.
São correspondências como essa que me dão a certeza de estar no
caminho certo, ao propor uma nova maneira de se fazer política. Quero deixar
registrado meu agradecimento.
Eu gostaria de comentar a fala do nobre colega Paulo Messina, na
sessão de ontem, já que
ele pediu verificação de quórum e a sessão foi
encerrada, sem que houvesse tempo para que eu pudesse responder.
Segundo um dos princípios da Constituição Cidadã de 1988, todos
são iguais perante a Lei. Não existe cidadão de segunda classe, todos têm os
mesmos direitos. Essa foi uma vitória conquistada arduamente na luta contra a
ditadura.
Não existe vereador biônico. Todos foram eleitos. Alguns,
inclusive, contando com os votos recebidos por colegas de partido e os de
legenda, sem os quais, talvez, não fosse possível comemorar uma vitória
eleitoral.
Todos os que aqui estão representam uma parcela do eleitorado; têm
os mesmos direitos que um vereador com mais tempo de casa, incluído aí o direito de fazer parte de comissões e, inclusive, ser líder do partido, se a bancada do
partido entender que tem condições para isso. Desqualificar a liderança do
partido e chamar de aberração a conquista democrática dessa função é
desqualificar o próprio processo democrático.
No discurso de ontem, citei Marina Silva como exemplo de coerência
política e de caráter, e não volto atrás uma linha no que disse. Afirmar que
uma coisa tão importante como a definição dos rumos de um partido pode ser
creditada a uma pessoa que sequer faz parte dos quadros da sigla é de uma
leviandade sem tamanho.
É deselegante expor as feridas que o processo eleitoral causa em
todos os partidos. É deselegante tomar partido na hora errada, para o lado
errado. E mais deselegante ainda é atacar covardemente os colegas de partido e
pedir verificação de quórum, encerrando a sessão, sem dar espaço a replica e à
chance de se aparar algumas arestas.
Fosse eu deselegante, ou até mesmo mal educado, relembraria as
palavras do senador Fernando Collor ao colega Pedro Simon, no Senado Federal: “São palavras que não aceito. Quero que o
senhor as engula e as digira, como julgar conveniente”. Mas não sigo esse
caminho.
Uma das características mais intrigantes do ser humano é a
agressividade, reflexo de nossos instintos mais primitivos. Não importa a
idade, não importa a circunstância, em algum momento nos veremos nessa
situação. Já a moderação é recomendada quase sempre, inclusive na política.
Portanto, agressões físicas ou verbais devem ser evitadas. Jovens políticos custam
a aprender a lição. Foi o que vimos neste Plenário na tarde de ontem.
Quanto ao partido, como bem disse Fernando Gabeira, um dos grandes
mentores dos verdes, é hora de ter a decência de refletir silenciosamente sobre
sua atuação antes de voltar à cena. Como líder do Partido Verde na Câmara Municipal,
eleito de acordo com a vontade da maioria da bancada, é bom que se diga,
acredito que um bom caminho para essa reflexão seria o recolhimento.
Responder a acenos políticos de ocasião, além de ser péssimo para
a imagem do Partido, soa como uma ofensa e um desrespeito à imagem de uma sigla
que se notabilizou por propor soluções alternativas para a cidade, longe da
velha política, tão cara a algumas agremiações e, ao que parece, a alguns
colegas também.
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