23 de mar. de 2011

Acontece hoje decisão sobre funcionamento do IED no bairro da Urca


Será julgado hoje, 23 de março, o recurso do IED, Instituto Europeo di Design, para a ação civil pública proposta pelo Ministério Público estadual que o impediu até hoje de iniciar atividades no bairro da Urca.

Há cerca de quatro anos, uma questão da Associação de Moradores da Urca versus o poder executivo municipal foi estabelecida contra a forma como este autorizou a reforma do prédio do antigo Cassino da Urca, na Avenida João Luís Alves, 13, para instalação, em parceria com a Prefeitura do Rio, do IED, uma escola-rede internacional de design e moda. O IPHAN e as Secretarias de Patrimônio Histórico e de Urbanismo não se opuseram à reconstituição, hoje feita em parte. O tombamento do imóvel restringe o seu uso a atividades de baixo impacto urbanístico. O bairro se posicionou de forma dividida: nas janelas das casas (na Urca, a maioria), até hoje ainda se encontram manifestações dizendo sim e não ao IED.

O instituto europeu reconstituiu o prédio, do lado que dá para a praia da Urca, com base no cassino (dos anos 30) – antes ele foi o Hotel Balneário. Desde a época em que o cassino deu lugar à depois extinta TV Tupi, começou o abandono por vários governos, que se sucederam e igualaram na desatenção com a preservação da cultura, arquitetura e história daquele local. Projetos de museu, cinema, café ficaram pelo caminho, com muita gente opinando sobre a pertinência de uma coisa e outra.

A reforma foi autorizada, causando grande movimentação no bairro, ignorando que estudos de impacto ambiental, de trânsito e de ambiência, antes de mudar o uso de um bem tombado, devem valer mais, desrespeitando talvez a mais importante conquista da nossa era: a força da inteligência coletiva. Tudo chama mais a atenção quando acontece em um local que conta a história da cidade e ainda junta pessoas que vivem debaixo, logo, do Pão de Açúcar.

Vieram a público soluções inusitadas para mitigar o impacto viário, encontradas pelo IED para o veto à construção do seu estacionamento – este impedido pelo IPHAN. Um estacionamento no bairro vizinho de Botafogo, ainda por cima em área non aedificandi (objeto de outra decisão judicial para ser destinado a arborização), foi uma alternativa oferecida pelo IED.

Dias atrás, no mesmo IED, aconteceu uma gravação de TV, causando movimento acima da capacidade que o bairro consegue suportar, de novo provocando a revolta de um conjunto de moradores, que descobriu até que a solicitação ao poder público, necessária para a realização de eventos com interdição de via pública, não havia sido solicitada.
Imagem: Yso Amsler

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